Algorítimo para a monitorização da PA e intensificação do tratamento com a AOBP, AMPA E MAPA 48 HORAS

Monitorização da PA e intensificação do tratamento

A Sociedade Europeia de Hipertensão, num documento de posição sobre a monitorização ambulatória da PA (2013),1 e a American Heart Association, numa declaração científica sobre a medição da pressão arterial (2019),2 indicam a utilização da MAPA para a avaliação da eficácia da terapêutica anti-hipertensiva em doentes tratados.

Os mesmos princípios que norteiam o uso da MAPA no diagnóstico da hipertensão também se aplicam à sua utilização na monitorização e avaliação da resposta ao tratamento.3,4

A reforçar estas indicações, a PA durante o sono, avaliada por MAPA de 48 h, é um novo alvo para o tratamento5 cuja redução se associou a uma impressionante redução de 45% na ocorrência dos eventos cardiovasculares fatais e não fatais.6

Quando a monitorização do tratamento é feita por MAPA, o alvo terapêutico é atingir uma PA média no sono < 120/70 mmHg.5,6

Etapas na monitorização da terapêutica

Após confirmação do diagnóstico de hipertensão e caracterização do perfil circadiário da PA por MAPA de 48 h, a intensificação da terapêutica deve ser guiada por AOBP/AMPA e MAPA de 48 h, em duas etapas distintas.

A primeira etapa tem como objectivo a normalização da PA em vigília. A intensificação da terapêutica vai ser guiada pela AOBP/AMPA (que são medidas da PA em vigília), tendo como objectivo valores de AOBP/AMPA < 135/85 mmHg.

A segunda etapa tem como objectivo a normalização da PA durante o sono. A intensificação do tratamento vai ser guiada por MAPA de 48 h, tendo como objectivo atingir uma PA do sono < 120/70 mmHg.

Figura 1. Etapas no tratamento da hipertensão.

Primeira Etapa

Tem como objectivo a normalização da PA em vigília

A intensificação do tratamento vai ser guiada pela AOBP/AMPA até à normalização da PA em vigília (AOBP/AMPA < 135/85 mmHg).7 Também pode ser feita por MAPA5,6 mas será mais dispendioso para o utente.

Figura 2. Primeira etapa: normalização da PA em vigília.

AOBP – Automated Office Blood Pressure: medição automatizada da PA sem assistência

  • É feita nas UAH cumprindo protocolo definido: após 5 minutos de repouso, e sem a presença de qualquer profissional, o dispositivo faz automaticamente 3 medições da PA intervaladas de 1 minuto. A média dessas 3 medições, calculada pelo dispositivo, é a AOBP.11-14
  • Valor de referência da normalidade: AOBP < 135/85 mmHg.

AMPA – Auto Medição da Pressão Arterial no domicílio

  • Protocolo: durante 5 dias consecutivos, estando sentado confortavelmente durante 5 minutos em repouso, o utente faz 3 medições da PA de manhã e 3 à noite, intervaladas de 1 minuto.
  • Para o cálculo da AMPA, excluem-se as medições dos primeiros 2 dias e a primeira medição da manhã e da noite dos últimos 3 dias. A AMPA calcula-se fazendo a média das restantes medições.15,16
  • Valor de referência da normalidade: AMPA < 135/85 mmHg.
Quadro 1. AOBP e AMPA: protocolos recomendados e valores de referência.

Segunda Etapa

Tem como objectivo a normalização da PA no sono

A intensificação do tratamento será guiada pela MAPA de 48 h tendo como alvo terapêutico uma PA durante o sono < 135/85 mmHg.1,5,9,10

Figura 3. Segunda etapa: normalização da PA durante o sono.

Referências

  1. O’Brien E, Parati G, Stergiou G, et al. European Society of Hypertension Working Group on Blood Pressure Monitoring. European Society of Hypertension position paper on ambulatory blood pressure monitoring. J Hypertens. 2013;31:1731–1768. doi: 10.1097/HJH.0b013e328363e964.
  2. Muntner P, Carey RM, Charleston JB, Gaillard T, Misra S, Myers MG, Ogedegbe G, Schwartz JE, Townsend RR, Urbina EM, Viera AJ, White WB, Wright JT,; on behalf of the American Heart Association Council on Hypertension; Council on Cardiovascular Disease in the Young; Council on Cardiovascular and Stroke Nursing; Council on Cardiovascular Radiology and Intervention; Council on Clinical Cardiology; and Council on Quality of Care and Outcomes Research. Measurement of Blood Pressure in Humans. A Scientific Statement From the American Heart Association. Hypertension. 2019;73:e35–e66.
  3. O’Brien E, White WB, Parati G, Dolan E. Ambulatory blood pressure monitoring in the 21st century. J Clin Hypertens. 2018;20:1108–1111.
  4. O’Brien E,Dolan E. Ambulatory Blood Pressure Monitoring for the Effective Management of Antihypertensive Drug Treatment. Clinical Therapeutics. 2016; 38(10):2142-51.
  5. Hermida RC, Crespo JJ, Otero A, Dominguez-Sardina M, Moyá A, Ríos MT, Castineira MC, Callejas PA, Pousa L, Sineiro E, Salgado JL, Durán C, Sánchez JJ, Fernández JR, Mojón A, and Ayala DE; for the Hygia Project Investigators. Asleep blood pressure: significant prognostic marker of vascular risk and therapeutic target for prevention. Eur Heart J 2018;39:4159–4171.
  6. Hermida RC, Crespo JJ, Domınguez-Sardina M, Otero A, Moyá A, Ríos MT, Sineiro E, Castineira MC, Callejas PA, Pousa L, Salgado JL, Durá C, Sánchez JJ, Fernández JR, Mojo´A, and Ayala DE; for the Hygia Project Investigators. Bedtime hypertension treatment improves cardiovascular risk reduction: the Hygia Chronotherapy Trial. European Heart Journal (2019) 0, 1–12.
  7. Roerecke M, Kaczorowski J, Myers MG. Comparing Automated Office Blood Pressure Readings With Other Methods of Blood Pressure Measurement for Identifying Patients With Possible Hypertension. A Systematic Review and Meta-analysis. JAMA Intern Med. 2019;179:351–362.